A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

19 outubro 2010

Meu Tema Preferido - XXXIII

FILATELIA



Filatelia é uma arte – sempre ouvi dizer. Ou uma ciência. Simples passatempo, para algumas pessoas. Paixão e fonte de pesquisa e conhecimento para outras.
Desde tempos remotos o ser humano coleciona objetos. Quando crianças, costumamos colecionar figurinhas, lápis coloridos, conchas, bolas de gude... Conforme vamos crescendo, nossos gostos tendem a mudar, passando de um tipo de objeto para outro. Assim, é comum encontrarmos colecionadores de chaveiros, de moedas, de carros antigos, de jóias ou quadros e pedras – preciosas ou não.
Desde muito, muito antes, eu sempre colecionei alguma coisa. Saudades não me faltam dos meus soldadinhos de chumbo que, a partir da minha visão "estratégica" daqueles tempos remotos, eu colocava ora em ordem batalha – quando, entre mortos e feridos, todos saíam gloriosamente ilesos – ora na formação de grandes e majestosos desfiles militares, com todas as pompas que o cerimonial exigia. Depois troquei-os por carrinhos de corrida, dos quais não cheguei a ter uma grande coleção, apesar da diversidade de marcas e modelos. A partir da adolescência, fixei-me nos livros e em jornais antigos, (duas paixões de tempos imemoriais), em moedas e cédulas até que certo dia descobri a filatelia.
Os selos exercem sobre quem a eles se dedica um fascínio inenarrável. Através desses pequenos quadros coloridos a gente entra no mundo – ou sai dele para os espaços infinitos, atravessando o cosmo, navegando por regiões às quais só se tem acesso através dos sonhos. Com eles, convivemos com todos os povos e todos os episódios que fazem parte da História. Conhecemos terras distantes e exóticas, heróis – e vilões! – que construíram ou destruíram impérios e civilizações, filósofos e artistas, homens de ciência e homens de fé, deuses, sábios e aventureiros. No pequenino espaço limitado por suas margens, encontramos homens e mulheres que atingiram a santidade, em êxtases profundos, ou viveram o sonho e a fantasia de lutar contra moinhos de ventos.
Foi lá por 1960, em Santa Maria, que os selos passaram a fazer parte da minha vida. Convidado por um amigo filatelista a conhecer sua coleção, logo descobri que ali estava algo do qual nunca mais eu haveria de me livrar.
Pouco tempo depois eu já freqüentava a Associação Filatélica e Numismática aprendendo tudo o que podia, com veteranos como o "seu" Goetz, um alemão de fala enrolada que tinha uma coleção magnífica de selos da "sua" Alemanha, com uma particularidade: todos eram selos circulados, ou sejam, usados, mas tão inteiros, limpos e com carimbos nítidos e claros que pareciam terem sido desenhados à mão ou aplicados nas últimas 24 horas.
Outro veterano com o qual aprendi a me relacionar com os selos, foi o Garbero, que colecionava apenas selos do Brasil e tinha uma coleção de causar inveja ao Museu Britânico, que certamente jamais teve uma coleção brasileira como aquela. Ele tinha, caprichosamente organizados, todos os selos do Império, em quadras, múltiplos, fragmentos de folhas e folhas inteiras!!!... Eram os "olhos-de-boi", os "inclinados", os "verticais" ("olhos de cabra"), os "coloridos" ("olhos de gato"), os "Dom Pedro II", "barbas-brancas", "auriverdes"... Clássicos! Preciosidades. Pura maravilha! Jóias autênticas!...
Com outro amigo, o Jairo, comecei a ensaiar a coleção "temática". Ele colecionava basicamente o Estado de Israel e possuía em seu acervo, cuidadosamente montado em álbuns com todos os selos protegidos em fitas "hawid", desde o primeiro selo emitido quando da criação do Estado em 1948. Mas a "menina de seus olhos" era sua coleção temática sobre jogos olímpicos. Coisa de lavar a alma!
Com estas "feras" e algumas outras terminei por participar, tempos depois, da Diretoria da Associação Filatélica Santa-Mariense. Fui Secretário durante duas gestões.
Entre esse período e os dias atuais, muita coisa aconteceu. Tive muitas coleções, dentre elas, uma muito bonita do Canadá e outra sobre o tema "Natal". Mas, paralelamente, consegui montar uma do Brasil que, modestamente, julgo ter sido extraordinária. Desfiz-me dela por desgosto, devido a determinadas emissões que o nosso Correio andou fazendo a partir de 1998 por ocasião da XVI Copa do Mundo de Futebol (24 selos), seguindo-se as emissões referentes ao Ano Internacional dos Oceanos (24 selos) e em 2000, com os 500 anos do Descobrimento (20 selos) e que achei um absurdo e julguei serem uma aberração incompatível com uma coleção séria. Para não deixá-la incompleta, vendi pela melhor oferta e nunca mais a retomei. Mas, a partir de mil novecentos e oitenta e pouco, "descobri" o Estado do Vaticano e os belíssimos selos emitidos pela Santa Sé, começando então uma nova coleção, que hoje, sem nenhuma modéstia, considero primorosa. O tema pode se estender ao infinito, de modo que finalizo deixando em vocês aquele gostinho de “quero mais”.
A seqüência será assunto para outra oportunidade, pois gosto não apenas da filatelia como aprecio muito falar sobre ela. Acreditem: quem se dedica a esta modalidade de colecionismo, jamais se livra dela. Ou, em outras palavras, utilizando-me de um trocadilho muito conhecido entre os "meus pares": quem já foi filatelista nunca mais deixará de sê-lo.
Vando
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Ilustração: Peça da minha coleção do Vaticano – Sobrecarta circulada de Ferrara para Veneza e franqueada com o selo de 5 Baj, emitido em 1859. Foi endereçada em 20 de fevereiro de 1859 por Antonio (e sobrenome ilegível) ao Sr. Pio Chittarini (...) Matteo. Clicando sobre ela, a foto é ampliada.
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Um comentário:

Mariano disse...

boa noite...
meu nome é Mariano Eendes e estou a procura do endereço postal das "associação filatelica numismatica santamariense", para envio de documentos antigos herdados de um familiar meu.
aguardo sua resposta pelo endereço: mariano.mendes@yahoo.com.br