O QUE TÊM A VER?
O ano está chegando ao fim. A
metade de dezembro – o último mês – já está vencida. Mais duas semanas e
estaremos “no ano que vem” – se o mundo não acabar dia 21, como tem sido
amplamente divulgado pela mídia independente e pela mídia comprometida. Mas, admitindo-se
a hipótese de que ele – o mundo – não acabe, ou que termine em samba e em pizza
como sói acontecer – nada impede que continuemos sonhando e desejando que tudo venha
a ser melhor.
Estamos no tempo em que as
pessoas se tornam mais sensíveis. E, com a sensibilidade exacerbada, tornam-se
mais acessíveis. Ouvem melhor. Sabem silenciar nos instantes de reflexão e
quando impelidas a falar, suas palavras são mais ternas, mais plenas de
sentimentos nobres, de solidariedade, de harmonia, de esperança.
Tempos atrás, acompanhando a
maré, aderi ao Orkut – lembram dele? Teve vida efêmera, o coitado! Eu até que
gostava dele. Bem, gostar, gostar, mesmo, não é o termo adequado. Mas deixemos
assim. Foi a minha primeira aventura nos meandros das “redes sociais”. Era
chique estar no Orkut. Mas, devo confessar, nunca curti muito isto, como já
ficou claro na ressalva. Estava lá porque “todo mundo estava” e os familiares e
amigos viviam me cobrando, insistindo para que eu entrasse.
Quando eu já estava mais ou menos
ambientado, eis que surge o Facebook. Meio tímido, no início, mas em pouco
tempo os orkuteiros promoveram uma migração em massa na direção da novidade.
Fiquei na minha, até constatar que eu era o único – ou um dos raros espécimes –
sobreviventes na rede. Frustração total!...
Mas como a caravana continua,
resolvi tentar de novo. Afinal, se os amigos me abandonaram, aprendi, eu não
devia revidar com a lex talionis,
pagando-lhes com a mesma moeda. Assim, fui ao reencontro deles. Ou tentei, pois
no início a nova ferramenta me deu um banho desgraçado e eu mal conseguia
transitar no terreno desconhecido e cheio de armadilhas. Estive a ponto de
desistir. Por meia dúzia de vezes me deliguei, até que um dia o meu amor
próprio falou mais alto e decidi enfrentar o novo monstrinho. Com a cara e a
coragem. Como nos velhos tempos em que, autodidata, comecei a datilografar,
“catando milho” apenas com o indicador. Aliás, ainda hoje, com o teclado do
computador, a coisa não evoluiu muito, não. Mas parece que deu certo. Hoje meus
contados somam umas cem pessoas, mais ou menos, a maior parte familiares, aos
quais acrescentei mais uma dezena, aproximadamente, de amigos muito especiais quase irmãos.
Por que introduzi Orkut e
Facebook nesta história? Simples. Exatamente porque eu dizia que nos finais de
ano as pessoas buscam pensar mais, refletir com mais profundidade, expressar
seus sentimentos de forma mais autêntica. As “redes sociais” com frequência são
criticadas por deixarem as pessoas por demais expostas. Certo? Errado? Depende
das pessoas. Do jeito que elas aceitam se expor. Dos propósitos e objetivos de
cada um.
Sabemos todos que a internet é
uma terra de ninguém. Aberta. Desamparada. Nela não há cercas, nem muros ou
fossos como os do medievo que protegiam cidadelas e castelos. Não dispõe de
cortinas nas janelas que impeçam a invasão de nossa privacidade. Por isto, cada
um é responsável pela própria segurança e pelo que mostra, diz, conta,
compartilha. Felizmente, na época a que estou me referindo – o final do ano –
os internautas aficionados dessas redes são, em grande parte, tocados por
aquele sentimento a que me referi, de bondade, de solidariedade, de amizade, de
amor. Todos procuram as melhores palavras, a construção das frases mais
bonitas, a maneira de externar do seu jeito, os sentimentos mais nobres.
É assim que navegando pelo
“face”, deparo-me, vez por outra, com mensagens que mais do que destinadas a
alguém em particular, são quase sempre um monólogo, uma reflexão pessoal, um
alento, um preito de carinho, de saudade, de amor sincero que, num momento,
emerge do fundo do ser.
Para exemplificar, menciono aqui
o conteúdo de três postagens, que, dentre as demais, logo de imediato me
chamaram a atenção. Todas têm o mesmo tema e se os seus autores eventualmente
acessarem nosso blog, nelas irão se reconhecer. A primeira está numa foto.
Ei-la: “Ame seus pais. Às vezes estamos
tão ocupados vivendo que esquecemos que eles estão envelhecendo.”. A seguinte relaciona-se intimamente com a
primeira: “Aprendi que não importa o
relacionamento que se tenha com os pais. Sentiremos falta deles quando partirem.”.
A última delas dispensa comentários e me
tocou muito, por conhecer a autora e compreender o seu sentimento. Reporta-se a
uma das belíssimas mensagens natalinas que o Zaffari veicula tradicionalmente
pela TV e em outras peças publicitárias, e que neste ano não fugiu à regra. É
bem simplesinha, mas percebi nela uma ternura inigualável: “A propaganda do Zaffari me deixa fora do
esquadro... Saudade “do meu paizinho”. Só isto.
Vocês conhecem, há muito tempo,
os meus conceitos e o que sinto com relação à Família. E naturalmente sabem o
quanto venero e cultuo nossos ascendentes, mais particularmente aqueles que
estiveram mais próximos de nós, - nossos pais. Quando vejo ou leio
manifestações nas quais eles são o motivo, não posso deixar que passem em branco.
O final do ano e a proximidade do Natal, centrado na figura meiga e sublime do
Jesus Menino, presenteiam-nos com os mais elevados anseios por um mundo melhor,
mais humano, mais alegre, onde a verdadeira fraternidade deixe de ser apenas um
conceito utópico e se transforme na mais bela realidade.
É tempo de repensarmos. De
avaliar o que temos à nossa volta e, principalmente, avaliarmos a nós mesmos.
E, a partir daí, nos esforçarmos para, no mínimo, criar, as condições para que
os sonhos se concretizem.
E todos os que se contentam
unicamente com o velhinho folclórico e simpático que terminou conhecido em
todos os lugares – Hô, hô, hô!!!... – também podem fazer a sua parte, procedendo
como uma pessoa amiga transcreveu no Facebook:
“Neste Natal vou pedir pro Papai
Noel um ano novo muito feliz.”.
Quem sabe se ele não atende?!...
Vando
* * *
Ilustração / Gravura do site “CLASS ACTS”
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