SEJA BEM-VINDO, OUTONO!
Como somos inconformados!… A vida é assim desde que o mundo é mundo.
Contudo, ansiamos por mudá-la, moldá-la aos nossos caprichos e necessidades –
estas, quase sempre, imaginárias, pré-fabricadas e irreais.
O problema é que vivemos
esbarrando em nossas fragilidades. Tropeçamos, caímos muitas vezes e levantamos
outras tantas, nem sempre com o entusiasmo que a façanha requer. Mas… tudo
bem!… Tais divagações não vão me conduzir a lugar algum nem a nada que valha a
pena. Não passam de um exercício de meditação a que gosto de me submeter de vez
em quando.
O importante é a rosa – ou melhor, a primavera que faz a rosa desabrochar.
A propósito: qual será mais importante – a rosa ou a primavera?!… Ah,
incertezas! Sempre elas!...
E depois vem o
verão. É quando extravasamos o nosso humor suando às bicas, nos mudando para a
praia onde as insolações, as micoses e os mosquitos não dão trégua, nos
enxarcando de chope gelado e mandando às favas todos os regimes minuciosamente
planejados. E mais adiante, recomeçando, o outono, o inverno, as estações se
sucedendo… e a Vida, com inicial maiúscula, que se oferece a cada um, abundante,
gratuita – e, felizmente, no mais das vezes, graciosa – plena de energias, com
propostas sedutoras, alternativas miraculosas e surpresas mirabolantes,
obrigando-nos a criar todos os dias uma nova coreografia para o jogo de cintura
que já deixou de funcionar, coagindo-nos a nos adaptar aos novos desafios cujos
propósitos e circunstâncias são sempre difíceis de assimilar e nunca conseguimos
compreender.
O que tem tudo isto a ver com o recado que eu pretendia
dar, ou com a nova estação? Penso… penso… e não atino. Parecem coisas
desconexas. Na verdade, são. Ou não são?!... Devo admitir que não sei. Nem me detive em
avaliar com mais atenção. Sendo assim, e já que não tem outro jeito, permitam-me concluir este
circunlóquio, antes que me enrede mais, pois quanto mais escrevo mais me afasto
do tema que – a bem da verdade – eu nem sei mesmo qual era.
Que o outono seja
bem-vindo, mas que a primavera não demore a voltar. Ela, sim, é que dá à vida o
sabor perene de uma grande festa e nos propicia a oportunidade de começar tudo
de novo.
Vando
* * *
Foto: Minha. Garibaldi, RS, 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário