A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

29 abril 2014

De almas e maresia

O POETA DO MAR DA BAHIA

“Mar, metade da minha alma é feita de maresia”
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Porto, 6 Nov 1919 – Lisboa, 2 Jul 2004)
       
Abril está chegando ao fim e até agora não escrevi nada que pudesse ser aproveitado para publicar aqui. De repente, lembrei-me do verso em epígrafe, que li em algum lugar de minhas andanças. Por uma associação de idéias, veio-me à mente outra pessoa que dedicou sua vida a compor poesias para o mar e que, coincidentemente é relembrado pela passagem do centenário de seu nascimento. Trata-se de Dorival Caymmi.

    Evocando este poeta, compositor e cantor de extrema sensibilidade, também lembrei de outra frase, lida ou ouvida não sei onde – mas há muito tempo – que dizia mais ou menos isto: “o mar estava tão caymmi que o náufrago morreu feliz”. Não me perguntem o autor, porque não sei. Apenas guardei de memória e agora surge a oportunidade de reproduzi-la.

    Pois bem. Falemos, então, deste artista que colecionou fãs de todas as idades, em todos os lugares do Brasil e de outras partes do mundo, numa vida que durou mais de 94 anos. Dorival Caymmi nasceu na Cidade de Salvador, BA, no dia 30 de abril de 1914. Sua inspiração eram os costumes e tradições da Bahia, sua terra natal, quando falava de amores, de saudades e do mar, que foi tema de muitas de suas composições. Quem não lembra de versos como este: “o mar quando quebra na praia é bonito, é bonito”. Ou de quando ele falava dos pescadores, de seus sonhos, de suas dores, de suas vidas mescladas de trabalho rude e de romance: “o pescador tem dois amores, um bem na terra, um bem no mar...” e tantos outros?

    Caymmi foi pura poesia. Dedicou-se também à pintura, com a qual revelou ao mundo seu talento pictórico. Mas foi como músico e compositor que teve destaque e como será sempre conhecido. Dentre as diversas composições que nos legou, temos "Samba da Minha Terra", “Suite dos Pescadores”, “O Mar”,  "Marina", "Samba da Bahia", "O Dengo Que a Nega Tem", “Maracangalha”, "Saudade de Itapoã", “Prece ao Vento”,  “Saudade de Bahia”, “Doralice”, “Modinha para Gabriela”, “Rosa Morena”... numa mistura saborosa de sons, romantismo, acordes, rimas, preces telúricas e de todos aqueles ingredientes “que só a Bahia tem”, incluída, naturalmente, a maresia da qual sua alma, certamente, era composta em bem mais do que a metade, como se descreveu a si própria a poetisa portuguesa.

    Caymmi faleceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 16 de agosto de 2008, mas continua vivo na memória e no carinho que seu número incontável de admiradores lhe dedica, sendo merecedor de todas as homenagens que lhe estão sendo prestadas nesta data que marca o centenário de seu nascimento.

Vando

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Foto: Evandro Teixeira – no blog "TALENTO E ARTE"

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