A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

15 setembro 2011

Novas reminiscências

Há dias li esta crônica e de imediato tive vontade de transcrevê-la aqui.
Como sou um surrupiador incorrigível, deixei-me cair em tentação e eis que hoje compartilho com vocês o fruto de meu mais recente saque, perpetrado contra o blog “JANE E ELAS: AS JANELAS”,  que merece ser conhecido.  
Vejo nele muita poesia, embora, pelo que parece, a autora não disponha do tempo suficiente para se dedicar mais a ele.  Isto, em parte, é compensado pela beleza do que ela publica. Há pensamentos belíssimos, reminiscências, cenas bucólicas, muita pureza e ternura... coisas de encher os olhos e alegrar o coração de quem consegue ver um pouco além.
O texto abaixo é, com certeza, auto-biográfico - estou certo, Jane? É singelo, mas por isto mesmo, resultou numa pequena obra-prima. Muitos de nós, talvez, teríamos algo parecido para contar, e não o fazemos por faltar-nos o talento que a ela sobra. Confiram.
Vando
* * *

INFÂNCIA

Essa casa tinha esse gramado e ficava num morro (decerto um morrinho, porque memória infantil não respeita proporção) e representava uma senha para a fantasia, a nossa... dos netos que costumavam passar lá as férias; era quase um latifúndio e tudo o que eles comportam; nós fazíamos de tudo, desde trekking até aventuras tipo "perdidos no mato" (Liba). Tinha trilhas morro acima para jardins secretos de moranguinhos, vigiado por bugios barulhentos. Nascentes de água fresquinha. 
O lugar mais misterioso era o porão, espécie de adega e depósito, tinha uma escadinha e quando chegava-se à porta já sentia-se o ar gélido e desconfio que no meio daqueles entulhos todos, uma abertura para alguma dimensão num passado perdido de gentes desterradas... Tinha forno de pedra onde a nona fazia belos pães, parreiral, todas as árvores frutíferas que nem conseguiríamos comer, mas que devorávamos verdes mesmo. Lugares secretos, corredores com quartos enfileirados, dispensa com queijos, salames e toda a parafernália de cozinhas italianas... as polentas na tábua cortadas com linha... varandas, rádio antigo, relógio com pêndulo e cuco e sala de jantar com geladeira Steigleder (nessa época  era lá que elas reinavam). Bebíamos vinho com água que o nono magicamente fazia, transformando com os pés uvas escuras em gargalhadas de netos. Ao entardecer sentávamos no degrau da varanda e ouvíamos histórias, olhando para a curva do rio.  
E... janelas... muitas janelas para horizontes longínquos como nossa vida adulta. Foi olhando através delas que se formou minha essência, minha doçura. Toda vez que eu vou lá procuro os restos da minha inocência.
* * * 

- Jane Rosana Cassol - 
Crônica e foto do blog “JANE E ELAS: AS JANELAS”  

Um comentário:

jc disse...

Vando..primo querido tu não existe, és um carinho e doçura com todos. Fico toda sorrisos com tua atenção.Tu és muito sensível, desejo muito tudo de bom para ti e tua familia, na qual me incluo.Abração