A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

09 outubro 2012

Evanescências e drosófilas

Vida é um projeto?

Luís Afonso Assumpção

O ser humano não é uma mosca drosófila gigante. Viver para simplesmente sentir o que pode ser sentido, "aproveitar" o que cada época nos proporciona, não deve ser nosso único objetivo. Nosso real objetivo é a eternidade.
Uma das características mais marcantes da vida moderna é a sua evanescência diária. Não somente somos nós mesmos que envelhecemos, mas tudo a nossa volta desbota e perde a graça em questão de pouco tempo.
Nada é feito para durar. "No futuro, todos serão famosos por 15 minutos", dizia Warhol, numa evocação à Wilde, acertadamente. Não que Warhol fosse um gênio, mas simplesmente que ele sabia para que lado o vento soprava, e deixou-se levar.
Tudo à nossa volta é efêmero. Os assuntos são efêmeros. Os produtos são efêmeros. O sentido de eternidade da raça humana parece ter sido varrido da existência. Não buscamos o eterno, o belo em si mesmo, o sublime, mas o "up-to-date", o que é "trendy" e todos os termos racionalmente ocos que enchem as vitrinas culturais da atualidade.
A explicação oficialmente aceita para este estado é que o homem percebeu no século XIX que não era mais um reflexo da imagem de Deus, mas simples produto de uma "evolução" (ou upgrade de fábrica) da matéria, igualzinho aos ratos, chimpanzés e tatus-bola. A partir deste ponto o homem deixa de olhar para a eternidade como seu porto de chegada e passa a combater os ponteiros do relógio contra seu curto reinado temporal.
A modernidade centra-se nestas duas vertentes: O conceito de "evolução", concluindo que o que é mais novo é melhor, pois é mais avançado em termos evolucionistas. O conceito de evolução é transportado sem filtros para dentro da cultura e pronto. As bases da alta cultura foram derrotadas.
A técnica passa a ser a base "cultural" da modernidade. A ciência é o novo Prometeu que roubou para o ser humano o dom do conhecimento, e com o conhecimento  o homem pode construir sua própria felicidade, sem intercessão divina.  Não  mais  interessa conceitos antigos e demodeés como "moral" ou "justiça", o que é mais novo é o melhor. Ponto final.
Segunda fase: passa-se às gerações mais jovens o controle da cultura. Na metade dos anos 50, surge nos Estados Unidos o protótipo da cultura jovem que irá estabelecer-se pelo resto do mundo. Nos anos 60 é radicalizado ao máximo. "Não confio em ninguém com mais de trinta anos" é o mote da época.
Terceira fase: o modernismo "morre". Afinal a ciência não pode, ela mesma, garantir "paz e segurança". O século inaugurado pelo signo da modernidade encerra com o saldo de duas guerras mundiais seguidas. Mas o homem não desiste. Ao invés de voltar e reconhecer o erro, inventa a "pós-modernidade", que é simplesmente a negação da racionalidade e da própria existência por assim dizer.
O resultado disso é que a Vida agora é simples vida. Efêmera e volátil, sem grandes esperanças, caótica, darwiniana luta do mais forte, agora transfigurada pelo "mais moderno": vença quem tiver o I-Phone 5.
Mas eu não concordo. O ser humano não é uma mosca drosófila gigante. Viver para simplesmente sentir o que pode ser sentido, "aproveitar" o que cada época nos proporciona, não deve ser nosso único objetivo. Nosso real objetivo é a eternidade. Por que somos eternos, no sentido de que nada, nem ninguém que  tenha existido pode virar "nada". Mesmo que não estejamos mais aqui para testemunhar, nossa história estará. Por isso que a Vida tem de ter um projeto. E ela tem. A nossa grande missão é aprender sobre ela. 

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Luís Afonso Assumpção edita o blog NADANDO CONTRA A MARÉ VERMELHA
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Transcrevi do site MÍDIA SEM MÁSCARA
Imagem: "drosófila", do site CULTURAMIX

Vando

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