A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

15 novembro 2012

Réquiem para um sonho


A VIDA PASSOU POR AQUI

   Cedo, na manhã, o Sol deu ares de que ia apa- recer. Então preparei-me e saí à cata de pai- sagens bonitas. Em busca de lugares graciosos, onde pequeninas casas ajardinadas, ao redor de praças também floridas, compusessem cenários coloridos e bucólicos repletos de beleza singela. 

    Decidira, nesse dia, conhecer uma Cidade não muito distante, à qual eu nunca fora antes, mas que, talvez por razões até sentimentais, ansiava por conhecer. No percurso, o Sol, que mal ensaiara sua entrada triunfal, mudou de idéia. Ocultou-se, encoberto pelas nuvens cinzentas. 

   Chegado ao destino, deparei-me com uma realidade que eu não imaginava. O tempo havia deixado lá apenas rastos de um passado cujos vestígios ainda atestam, teria sido promissor e alegre. 

   Agora observo, consternado, estas casas em ruínas. Tento adivinhá-las em sua época gloriosa, quando repletas de pessoas felizes envolvidas com os afazeres diários. Imagino algazarra de crianças saindo para a escola, brincando na praça e correndo pelas ruas tranqüilas. E por breves instantes procuro os fantasmas dos trabalhadores que a cada dia labutaram no Arsenal, mas nem o espectro sutil de algum deles se materializa na paisagem fantástica. 

    Olho o que restou dos monumentos da praça que, alguma vez, em placas de bronze, registraram efemérides que resgatavam a história da Cidade. Procuro as marcas que reverenciaram algum nome ilustre, uma data importante. Nada encontro. Com pesar examino o coreto onde, certamente, as fanfarras tocaram nos dias de festa. Vejo os bancos, hoje carcomidos, nos quais as pessoas sentaram ao cair da tarde e nos domingos ensolarados. 

   Penso nas cores e na efervescência que um dia enfeitaram a praça e no alarido esfuziante da população engalanada. Ironicamente o céu, acima, permanece escuro, enquanto que ao redor tudo é silêncio. Um silêncio opressivo e pesado. Pesado demais para a expectativa que alimentei durante tanto tempo. 

    Sim, decepção. Sinto-me quase deprimido. A tristeza é profunda. Imensa. Só ruinarias e escombros constituem o acervo que me cerca. E as pessoas? Onde foram todos? O que foi feito deles? Por que ninguém responde? 

    Atrasei-me. Muito. Custei a chegar. Não pude vir aqui quando devia e agora que o faço não encontro ninguém para compartilhar uma saudação, trocar uma palavra, repartir um sorriso. A cidade está deserta. Deserta e morta!... A vida já passou por aqui, bem antes de mim, e foi embora, talvez para sempre!... Nada mais me resta fazer.  

Vando 

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Foto minha. Publiquei este texto, originalmente, no meu blog
"RETRATOS DO MEU JARDIM" no dia 28 de setembro de 2010

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Dedicado ao que restou da Cidade de General Câmara, RS

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