RABISCOS DO MEU CADERNO
-
I -
Parei um instante e aproximei-me da
ermida solitária. Parecia perdida naquele lugar da montanha. Não havia cruz.
Nem imagens. Nem nomes de santos ou peregrinos – se é que algum dia os houve. Era
pequena e rústica. Envolta em silêncio. Mas refletia paz e serenidade. À entrada, numa placa muito gasta, entalhada
em madeira carcomida, podia-se ler: "Este é um lugar consagrado à oração
de todas as crenças, de todos os que amam e têm fé e que, antes de muito pedir,
muito têm a agradecer". Entrei nela, reverente. Ali fiquei por alguns momentos
enquanto descansava. Tentei balbuciar a
prece que, menino, aprendera de minha mãe e rezava todas as noites antes de
dormir. Inútil. Jazia esquecida na memória. Então recitei uma oração sem
palavras. Depois, voltei-me e saí, retomando o caminho interrompido.
- II -
Nos “cebolões” do meu tempo as horas eram mostradas em algarismos romanos. A era digital só veio depois. Muito depois...
Vando
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