A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

31 outubro 2013

CRÔNICA ATMOSFÉRICA 
Quando começo estas poucas e mal traçadas, está fazendo 35 graus à sombra, e vai piorar, graças ao Diabo. Isso é mesmo literalmente infernal, porque estiola o verde das esperanças novas, plantinhas frágeis e sentimentais e que, como sabeis,apenas dão flor uns poucos dias por ano, de 24 de dezembro a 6 de janeiro. Como vedes vim a cair nessa comum vulgaridade de comentar o tempo... E a primeira conseqüência dessa pressão atmosférica foi que não me animei a ir passar os telegramas de feliz Natal e ano-novo.
Não, não quer dizer que me haja esquecido de quem quer que seja... Pois na falta de telegrafia apelei para a telepatia. De modo que se o Aristarco, o Goida, o Lewgoy, o João, a Nega Fulô, a Elizabeth, a Terceira, a Eurídice, a Única, a Vera, la de los ojos color de uva, o nosso querido diretor , o Ribeiro, o Austregésilo de Athayde “o Eterno”, a Bruna, com sus ojos color de sulfato de cobre, a Nídia, a Adriana, se nenhuma dessas pessoas chegou a receber o meu telepatograma é que deve haver algum desarranjo na sua aparelhagem de recepção e não na minhas transmissora.
Mas, graças a Deus, nem tudo me foram espinhos e suor neste fim de ano.
Pois acabo de descobrir uma volúpia nova. Sosseguem, velhinhos, não é nada disso do que vocês estão antegozando... Foi simplesmente que, estando eu aparelhado com um vigésimo da “bruta” da Federal, procuro-o no bolso interno esquerdo do paletó para namorá-lo mais uma vez, talvez para hipnotizá-lo... Procuro-o no bolso interno direito, procuro-o até naquele bolso de cima reservado para o clássico lencinho de ponta virada que eu nunca usei porque acho isto uma besteira... e nada! 
Procuro-o por todos os bolsos de todas as calças, no fundo, dentro e embaixo dos móveis, até que, com uma máscara de tragédia grega, chego à conclusão fatal: perdi-o!
Aconselho-te, pois, paciente leitor, a comprar um bilhete inteiro da próxima extração. Compra-o e rasga-o em pedacinhos. E lança-os aos quatro ventos do Destino. Verás o que é sensação, verás como sacodes a alma dessa medíocre mesmice de sempre, e verás como vibras, como vives a vida! 
* * * 
- MÁRIO QUINTANA - 

“Da Preguiça como Método de Trabalho” – 2ª edição 2007, 1ª reimpressão 2009, Editora Globo S. A., SP 

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