A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

29 maio 2015

Questão de estilo

LACONISMO OU PROLIXIDADE?
Aonde, mesmo, eu queria ir?!...

    É isto. Sou um escritor amador. Ah, vocês já sabiam? Esqueci. Então me conhecem. Que bom! Sabem como escrevo. Já avaliaram o meu estilo. Pois bem. Detesto lugares-comuns. Adoro figuras de linguagem. Gosto de frases curtas. Polissilábicas – no mais das vezes. Monossilábicas, minhas preferidas – quando possível. "Poucossilábicas" – se não há outro jeito. E geralmente não há.

    Lembro-me de que uma das primeiras coisas que aprendi foi cultivar a linguagem “clara, precisa, concisa”. Isto é: lacônica. Considerar o pleonasmo como pecado capital. Usar só as palavras certas. Exatas. Economia para dizer muito. Ou tudo.

    Exageros à parte, o resumo disto não deixa de ser verdadeiro. Contudo, é difícil. E como! Nem sempre é possível. E já explico. Sei que vão entender.

    Eventualmente, em face da minha inata incapacidade de síntese contra a qual venho há anos travando cruentas lutas, escaramuças, embates, batalhas, guerras – terríveis! – torno-me prolixo, perdendo-me pelos labirintos fascinantes, mas insondáveis e tenebrosos, autênticas armadilhas sempre dispostas dissimuladamente nos ângulos mais obscuros e traiçoeiros do tema que me proponho desenvolver, principalmente quando assumo o risco de dissertar acerca de assuntos cujo domínio nem sempre faz parte do meu próprio cabedal, o que me conduz a perder o fio da meada, a misturar alhos com bugalhos e afastar-me cada vez mais da saída, e nos quais termino por me enredar de tal forma que em determinado instante entro em pânico por não mais vislumbrar qualquer luz no fim do túnel e me obrigo a lançar mão de jargões surrados que indiquem a possibilidade, ou me acenem com ela, mesmo sabidamente remota, de chegar a algum consenso sobre o que eu pretendia, realmente, dizer e não disse, ou na vã esperança de que algum ser angelical, pretensamente meu anjo protetor – não um trapalhão e humilde, embora bem-intencionado Anjo Malaquias, que certamente assessora até hoje o meu guru Quintana, – desça dos páramos celestes com a missão urgentíssima de me inspirar, safando-me, de uma vez por todas, da enrascada em que deliberadamente me envolvi mesmo sabendo dos riscos que corria de não chegar a nenhum lugar, culminando, na aventura desastrada, sitiado por orações impiedosas, imprecisas e desconexas, acrescidas de travessões e parênteses, vírgulas e mais vírgulas, sem perspectiva de encontrar um ponto e vírgula extraviado entre dois vocábulos, algum ponto de apoio, e menos ainda o tão ansiosamente desejado ponto final que sirva como sinalizador de que tudo terminou bem explicadinho. Ufa!... Consegui concluir o meu raciocínio, viram? Compreenderam direitinho?

    Então, já que não ficou nenhuma dúvida, sinto-me gratificado. Vocês foram geniais! Estou emocionado diante da sofreguidão com que degustaram esta maravilhosa página literária.

    Para recompensá-los, prometo que em breve voltarei com nova obra-prima que lhes sirva de enlevo num dia encantador como o de hoje – meio outono, meio inverno, frio e chuvarento, bem do jeito que uma porção de gente adora só pra me contrariar. Entre elas, alguns de vocês, não é?

    Pois é!

Vando


Foto: Foto minha. Fiz em Rio Grande, RS, no  caminho para o Taím, no dia 1° de janeiro de 2013. Está editada, descaracterizada do original. 

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