RESGATANDO
GARATUJAS - 1
–
I –
A saudade seguidamente nos sitia
e o faz de modo repentino. Nem estávamos pensando nela quando, num átimo,
vemo-nos assolados. Ela não tem, ao menos, a sutileza da aproximação cautelosa,
lenta, cuidadosa, premeditada. Quando chega atinge-nos em cheio, sem constrangimentos
ou recato.
–
II –
Cultivo, como vocês todos sabem,
um certo saudosismo. Não escondo de ninguém que sou um tradicionalista
inveterado. No dizer de alguns, sou anacrônico. No de outros – os meus admiradores
inconfessos – sou radical, retrógrado, reacionário. Coisas da vida!...
-
III –
Ah, o Vento Norte!... Vocês, que não conhecem Santa Maria e não
tiveram o “privilégio” de conviver com ele, não conseguem avaliar o terror que
é aquilo. Só tendo nascido lá – na Boca do Monte e adjacências – para aceitar
passivamente aquele engano meteorológico que derruba o astral do espírito mais intrépido
que ouse enfrentá-lo.
–
IV –
Meu gosto pelos velhos casarões
vem desde tempos remotos. Sou apaixonado por eles. Fico embevecido ante os
detalhes de suas fachadas, frontões, platibandas, sacadas e gradis. Encantam-me
as largas varandas, as portas entalhadas e as janelas com vitrais que contam
histórias ou que ostentam simples alegorias.
–
V –
Praia, na verdade – verdadeira! –
não é bem “a minha praia”. Claro que não desgosto. Mas daí a julgar que sou
apaixonado por ela insere-se alguma distância. Até vou, curto uma que outra
onda, – já tentei plantar bananeira, acreditam? – alguma caminhada pela areia, mas
tudo com muito comedimento e respeito às águas vivas e, principalmente, aos
mosquitos do entardecer.
Vando
* * *
Foto minha: Igreja Sagrado
Coração de Jesus, Tristeza/Porto Alegre, 19 Fev 2015
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