A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

01 junho 2012

Vontade de divagar

A EFEMERIDADE DE UM BLOG
Deixemos que essa biografia seja ornamentada pelas ternas lembranças que sutilmente emergem de um passado sem futuro, mas sempre presente.
Dois anos atrás, mais ou menos, tive um blog que muitos de vocês devem ter conhecido. Teve vida efêmera, por diversos motivos que não vou, agora, mencionar. Em parte me decepcionei com ele. Ou melhor, a decepção foi comigo mesmo, por não ter condições de abastecê-lo convenientemente com matérias sempre atuais, fresquinhas, saídas de uma mente fértil e que prendesse o leitor do primeiro ao último parágrafo.
Na verdade até houve alguns visitantes que gostaram e até se tornaram leitores assíduos. Mas foram exceções.
Era um blog "literário". Pelo menos esta era a minha pretensão. Superestimei minha própria capacidade e meu talento e terminei dando com os burros n’água. Bem feito, prá não ser metido e pretensioso!
Ah! quase ia esquecendo. O nome dele – do blog – era “Rabiscos e Garatujas”. Alguém lembra? Pois é! A coisa começou a desandar quando descobri, algum tempo depois, que já existia outro blog com este nome. O blog da Denise, uma talentosa portuguesinha que vive no Algarve, escreve com a facilidade de quem respira e criou sua página em 2007, bem antes que eu. A partir daí o meu barco começou a fazer água.
Minha primeira providência foi trocar o nome. Depois de mil exercícios intelectuais optei por rebatizá-lo para “Garatujando”. Já viram, né? Ficou horroroso. É, o nome. Trincou tudo. Experimentei outros, mas cada vez ficava pior. Moral da história: perdi o entusiasmo, fui relegando-o a plano secundário, passei a publicar cada vez com menor frequência,  até que decidi acabar com ele.
Certa tarde pardacenta, em pleno inverno, ao som da Sinfonia Inacabada, de Schubert, antes de terminarem os poucos acordes que compõem o último movimento que não chegou a ser concluído, eis que o “Garatujando” deu o último suspiro. Patético. Melancólico! Deletei-o cruelmente, sem denotar o menor resquício de piedade.
Mas não pensem que foi por impulso, num gesto tresloucado. Não. Foi tudo premeditado minuciosamente, com frieza incomum. Decretei seu fim aos poucos, a começar por salvar, em meus arquivos, tudo o que eu já havia publicado. Que vão os anéis, mas que fiquem os dedos, ora!
Vez por outra me dá saudade dele. Principalmente quando começo a remexer os meus guardados e redescubro coisas que escrevi e resgatei pouco antes de decretar o seu desaparecimento per secula seculorum.  Como, por exemplo,  este trecho de reminiscências, extraído de uma de minhas crônicas: 
"O passar dos anos propicia-nos uma vantagem: ter o que contar sem precisarmos ser (muito) saudosistas, escravizando-nos ao passado. É bom sentir saudade, mas ela tem que ser uma evocação suave, alegre e, tanto quanto possível, divertida. E ser contada com algum humor e até ironia, mesmo nas passagens que mais nos tocam - não importando quão profundamente.    
Alguém já disse que “recordar é viver”. Acho que é verdade. A nossa biografia não deixa de ser o resultado de uma sucessão de fatos e episódios que nos marcaram - a nós e àqueles com os quais os compartilhamos. Deixemos que essa biografia seja ornamentada pelas ternas lembranças que sutilmente emergem de um passado sem futuro, mas sempre presente. Afinal, nunca estivemos sós e os que andaram conosco trilhando os mesmos caminhos continuam ligados à nossa história. Irreversivelmente.”  
Incoerências? Contradições? Por que escrevo isto, hoje?!... Não sei. Vontade de divagar, talvez. Ou apenas falta de assunto para começar o mês de junho que logo, logo, será iluminado pelas fogueiras juninas, e aquecido com muito pinhão, quentão e todas aquelas pequenas alegrias que, somadas, tornam o nosso frio mais suportável.
Feliz junho prá todos nós.
Vando  
*
Ilustração: Foto minha. Zona Sul de Porto Alegre.
P. S. – Se quiserem visitar a nossa amiga Denise, eis o link do seu blog:

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