A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

31 dezembro 2012

Então, recomecemos!...


Ano novo
Que eu não esqueça, jamais, de agradecer ao meu Deus pelos dons com os quais fui gratuitamente dotado e de suplicar-Lhe perdão pela forma negligente com que me utilizo deles em favor do meu próximo. 
Fim da contagem regressiva. Então o desembrulhamos da embalagem colorida com que fomos presenteados. Chegou cintilante, barulhento, anunciado por fogos de artifício, sob aplausos e invocações de boa sorte. Veio recheado de presságios animadores, depois das apreensões e expectativas que marcaram os dias recentes. Surgiu de um momento para outro – não inesperadamente, mas num átimo que tornou o instante da transição imediato e indolor.
Ei-lo aqui, agora, diante de nós ainda boquiabertos, sem sabermos ao certo o que fazer com ele, tão novinho, recém saído do almoxarifado de Cronos.
Durante milênios esteve aguardando sua hora. Finalmente a ela aportou. O Ano Novo, com sua fisionomia simpática mas não definida de todo, olha-nos espantado como quem encara surpreso uma paisagem inusitada onde aborígenes sibilantes promovem estranhos rituais.
É festa. São sorrisos. São brindes borbulhantes. Muitos dançam e cantam. Alguns, ao contrário, se recolhem em silêncio e elevam preces fervorosas às divindades de suas crenças, rogando bonanças. Outros extravasam uma emoção até então contida, e choram baixinho, compartilhando amplexos com os seres amados. Pelas mentes repassam imagens que agora já pertencem irreversivelmente ao pretérito. Promessas são refeitas e novos planos são traçados, na certeza de que desta vez todos os bons propósitos serão cumpridos e a miríada dos sonhos acalentados, dissipados pelo caminho não mais acessível, se transformará, enfim, na mais jubilosa realidade.
É tempo de rever conceitos. De avaliar o que valeu e o que não valeu a pena. De repensar os atos cometidos e redirecionar comportamentos. 
Quanto àqueles que me cercam não me cabe julgar nem cogitar de suas novas metas. De mim, entretanto, posso assumir que vou me esforçar bastante para reconstruir os caminhos dilapidados pela incúria, pois muitas foram as minhas impertinências que o ano velho levará consigo, relegando-as ao arquivo morto da eternidade. 
Neste momento proponho-me, sinceramente, que em 2013 tratarei com mais cortesia a telefonista que do outro lado da linha apenas cumpre com o seu dever. Que não promoverei mais nenhuma rinha pela vaga no estacionamento sob a alegação de que cheguei primeiro. Que saberei tolerar com bom humor os dias de frio e de chuva e não mais direi palavrões nem xingarei a humanidade quando faltar luz e o meu computador tiver que ter restaurado todo o seu sistema para voltar a funcionar. Que procurarei fotografar mais pessoas do que bichos, paisagens e muros cobertos de musgo. Que não mais dormirei antes de pedir perdão pelas mil faltas que cometi durante o dia. Que pela manhã, ao acordar, trarei na face o meu melhor sorriso de gratidão pela noite de sonhos e pela oportunidade nova que a vida me oferece para ser feliz e compartilhar esta felicidade com aqueles a quem amo muito e com aqueles a quem amo pouco ou nem aprendi, ainda, a amar. 
E se no final de mais este ano tiverem restado outra vez, nas trilhas por onde andei, montanhas de frangalhos e fragmentos rotos testemunhando a passagem de mais uma etapa que eu causei frustrada, que os deuses tenham de mim a compaixão suficiente e não me neguem a condescendência de que estarei carente. Pois, apesar de mim e de tudo, um dia haverá novos tempos em que as faltas cometidas e os erros perpetrados serão remidos em definitivo, pois a Grande Lei assim decidiu que fosse.  
* * *
A vocês que conseguiram chegar até aqui com a consciência do dever cumprido, os votos de um feliz e próspero Ano Novo. E aos que ainda não alcançaram o sucesso almejado, que jamais falte a palavra de fé, o incentivo fraterno e a esperança renovada de que a Vida renasce todos os dias e as oportunidades se multiplicam na mesma proporção em que se apresentam os desafios.
Para todos nós, enfim, que fique a Paz, a Harmonia e o Amor, este sim, indispensável e insubstituível.
Vando
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Foto minha / Praça Saldanha Marinho, Santa Maria, RS, Natal de 2012


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