A FAMÍLIA

"É preciso fazer realmente todo o esforço possível, para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e, em certo sentido, soberana. A sua soberania é indispensável para o bem da sociedade. Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história. A família está no centro de todos estes problemas e tarefas: relegá-la para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro". (João Paulo II em “Carta às Famílias” / 2 de fevereiro de 1994)

01 maio 2013


   

DA GLÓRIA À DECADÊNCIA
Meu gosto pelos velhos casarões vem desde tempos remotos. Sou apaixonado por eles. Fico embevecido ante os detalhes de suas fachadas, frontões, platibandas, sacadas e gradis. Encantam-me as largas varandas, as portas entalhadas e as janelas com vitrais que contam histórias ou ostentam simples alegorias.
Diante deles tento imaginar a solene beleza dos salões revestidos com finas tapeçarias e espelhos do mais puro cristal. Visualizo os brasões de família e os quadros e esculturas formosas que um dia fizeram parte da decoração. Trago à mente os delicados lustres e luminárias que no passado os inundaram com a luz festiva dos bailes e recepções. Revejo-os no tempo em que conheceram a nobreza, a elegância e o esplendor. Foram épocas de requinte e romantismo, parte da vida e do comportamento aristocrático de uma sociedade efervescente de arte, bom gosto e refinamento.
Quem terá morado neles? O que faziam? Como era o seu cotidiano? Que trilhas percorriam? Que sonhos acalentavam?  Como viveram? Como morreram? Foram felizes ou sofreram desilusões e fracassos tenebrosos? Quantas histórias de amor ou de intrigas, de dor e de alegria, deixaram gravadas nas paredes e nas antigas escadarias com corrimões adornados?!...   
Então, quando me deparo com outros da mesma estirpe e que não tiveram a mesma sorte de serem preservados, volto a me questionar. Que motivo levou seus moradores ancestrais a abandonarem tais preciosidades? Por que estes foram condenados à destruição inapelável, abatidos que serão, com certeza, pela ação implacável do tempo?
Observo os vestígios de sua antiga suntuosidade. Mas vendo-os assim, tão próximos da ruína total, entristeço-me ao perceber neles a tentativa inútil de fugir à fatal derrocada. Parece-me que ainda lutam por uma sobrevida, em busca da qual teimam em resistir. Todavia, o destino está selado.  
Compartilho com eles um sentimento de profunda melancolia. O fim se aproxima célere e logo se transformarão em escombros. Em pouco tempo deles nada mais restará. Apenas a saudade. Talvez...
Evandro
* * * 
Foto minha. Feita na Cidade de Garibaldi, RS, em 26 de maio de 2012

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